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Volta de Alexandre Mattos foi uma ótima. Nossos clubes precisam valorizar mais os profissionais mineiros

Alexandre Mattos (camisa branca), entre Marcus Salum (esq.), Diretor de Futebol, Fred Cascardo, e Euler Araújo (Foto Mourão Panda/América)

A volta de Alexandre Mattos acrescenta muito ao América e ao futebol mineiro

Além de “prata da casa” é competente, dos melhores do ramo no Brasil, uma revelação do próprio América, que se despontou nacionalmente ao montar um excelente grupo no Cruzeiro e surpreender o país com a conquista de dois Brasileiros seguidos, 2013/2014.
Ele começou buscando Marcelo Oliveira, que fazia ótimo trabalho no Coritiba e os dois “garimparam” bons jogadores, pouco conhecidos até então e que não custariam caro ao clube. Uma liga que deu certo.
Dois mineiros que tiveram a rara oportunidade de mostrar seu trabalho em um dos nossos maiores clubes.


De uns anos para cá, eles passaram a importar treinadores, diretores e jogadores de qualidade duvidosa custando fortunas, sem justificar os altos investimentos.
O tempo passa depressa, a comunicação ficou mais acelerada com as novas tecnologias e a memória do brasileiro que já era curta, agora se tornou “vaga lembrança”, abrindo espaço para ingratidão e injustiças.
A torcida do Cruzeiro deve um reconhecimento especial ao Dr. Gilvan de Pinho Tavares, que foi o presidente que teve coragem de bancar Alexandre Mattos e Marcelo Oliveira.


Primeiro clube fora do “eixo” a quebrar a longa hegemonia dos endinheirados paulistas e cariocas, que se revezavam nas conquistas dos títulos do Campeonato Brasileiro.
Aliás, o Cruzeiro era ótimo nessas descobertas. Foi o Zezé Perrela quem descobriu e lançou o Eduardo Maluf, que tinha sido goleiro e depois presidente do Valeriodoce de Itabira.
Com o trabalho feito na Toca da Raposa, Maluf se tornou referência no Brasil, cobiçado pelos maiores clubes do Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul. Mas ficou em Minas, porque o Atlético pagou mais para mantê-lo em Belo Horizonte.


Minas Gerais deveria valorizar mais os mineiros, comprovadamente competentes ao longo da história, dentro e fora dos gramados, com direito a vários “gênios”, muito acima de média.
Nem preciso citar nomes porque o Brasil e o mundo conhecem e reconhecem, mais que muitos próprios mineiros.

Está aí o técnico Leo Condé, fazendo sucesso no Vitória, campeão baiano este ano, campeão da Série B 2023, com jogadores “garimpados” a dedo, sem nenhum medalhão. Mineiro de Piau (perto de Juiz de Fora), já trabalhou no Tupi, Ipatinga, Villa Nova, Nova Iguaçu, Caldense, Sampaio Corrêa, Bragantino, Goiás, CRB, Botafogo-SP, Paysandu, São Bento, Novorizontino e agora Vitória. Nunca teve seu nome nem especulado pela imprensa para comandar Atlético, Cruzeiro ou mais recentemente o América, apesar da competência comprovada.

(Foto: twitter.com/ECVitoria)


Jovens promissores profissionais mineiros, fora das quatro linhas especialmente, têm de sair de Minas, mostrar serviço lá fora, para só depois serem notados e contratados pela nossa dupla mais endinheirada. Um exemplo atual é o Alberto Simão, que fez ótimos trabalhos como diretor de futebol da base do América, depois profissional do Tupi e Tupynambás de Juiz de Fora, Vila Nova e contratado pelo Palmeiras para comandar o departamento de futebol feminino do clube.

Alberto Simão, elogiadíssimo pela presidente Leila Pereira. (Foto: Luiz Guilherme Martins/Palmeiras)


No início deste ano um amigo jornalista da Austrália me disse que um jovem brasileiro, de Belo Horizonte, vem se destacando como fisiologista e analista de desempenho de alto rendimento em um clube de Gold Coast, cidade onde ficou a seleção olímpica brasileira na Olimpíada de Sydney em 2000 e a seleção feminina na Copa do Mundo de futebol do ano passado.
Para a minha satisfação fiquei sabendo que se trata do Henrique, filho do amigo Itamar e a Leda Alitolip.

O Itamar é um tradicional conselheiro do Cruzeiro, atuante junto a diretoria de um período de grandes conquistas no início dos anos 1990 de Benito, César e Salvador Masci.

(Foto: acervo pessoal)

O time em que o Henrique está trabalhando é o Ormeau FC, que no dia da sua contratação deu as seguintes boas vindas no site oficial do clube:

(Foto: OrmeauFC/divulgação)

“Bem-vindo Henrique Alitolip ao Ormeau FC como nosso novo treinador de alto desempenho!
Temos o prazer de anunciar a chegada de Henrique Alitolip à nossa comissão técnica do Ormeau FC! Henrique traz consigo um vasto conhecimento e experiência de sua passagem por conceituados clubes esportivos profissionais brasileiros, como o Minas Tênis Clube, onde aprimorou suas habilidades como cientista esportivo em vários esportes coletivos, incluindo futsal, basquete e vôlei. Suas funções anteriores em clubes de futebol renomados como Cruzeiro e Atlético Mineiro em suas categorias de base solidificam ainda mais sua rica experiência em desempenho esportivo. Henrique é Bacharel em Educação Física no Brasil (o equivalente a um Bacharel em Ciências do Esporte na Austrália).
A adição de Henrique representa um marco significativo para nós, pois ele vem equipado com um profundo conhecimento de carga de trabalho e monitoramento de bem-estar, juntamente com estratégias robustas de força e condicionamento destinadas a elevar o desempenho de nossos jogadores e, ao mesmo tempo, minimizar os riscos de lesões. Henrique trabalhará em nosso programa FQPL3 e trabalhará em estreita colaboração com o técnico Nathan Mulhearn e Thiago Duarte (1º assistente de equipe e técnico sub-23).”

Todo sucesso ao Henrique, mais um mineiro fazendo sucesso mundo afora. E na Austrália, um dos melhores países que tive o maior prazer em conhecer e que oferece a melhor qualidadde de vida para quem mora lá.
Que um dia ele esteja trabalhando em um dos nossos maiores clubes, de preferência em Minas Gerais.


Atlético x Cruzeiro: empates com sabores distintos e clássico de nervos à flor da pele, sábado

Casa cheia e torcida única novamente em mais um Atlético x Cruzeiro na Arena do Galo (Foto: twitter.com/Atletico)

Atlético e Cruzeiro: com sentimentos e necessidades distintos

O 1 x 1 do Atlético em casa com o Criciúma teve sabor de derrota, o 1 x 1 do Cruzeiro com o Fortaleza no Castelão, de vitória, por todas as circunstâncias.
De novo o Galo frustra a sua torcida contra um adversário teoricamente dos mais fracos, dentro da Arena MRV, cuja pretensão é que fosse um “caldeirão”, onde o time ficaria imbatível por sequências de jogos, como já foi um dia no Independência.

Foto: twitter.com/Brasileirao


Não somar três pontos em casa, principalmente contra adversários tipo Criciúma não é nada animador para quem pretende brigar pelo título. O desempenho do ataque nessa partida foi muito ruim e o técnico Milito agiu mal ao tirar os três atacantes quando a fatura ainda não estava fechada. O time catarinense foi pro tudo ou nada e se deu bem, empatando por meio do Matheuzinho.

Foto: twitter.com/Brasileirao
Em Fortaleza o Cruzeiro resistiu bem ao ímpeto dos donos da casa que tinham como certos os três pontos. Tomou gol, mas não se apavorou, administrou bem a situação e mesmo sem o Lucas Romero, expulso aos 41 do segundo tempo, teve paciência e forças para buscar o empate.

Bom começo de Fernando Seabra à frente do Cruzeiro – Foto: twitter/Cruzeiro


O clássico de sábado será fundamental para ambos: injeção de ânimo no vencedor e crise no perdedor, logo na terceira rodada do campeonato. O empate deixa ambas as torcidas na mesma ansiedade, na expectativa se o time vai lutar na parte de cima ou de baixo da tabela de classificação.
Ruim, só o horário: 21 horas, mas se a TV que paga mandou que seja assim, que seja!


Três suspensos, mas não existe mais a necessidade de se comprar árbitros

(Foto: Reprodução/Divulgação)

Minha coluna no BHAZ:

Um mineiro, um paulista e um carioca. A CBF afastou os três árbitros lambões (pra não dizer coisa pior) que cometeram absurdos nos jogos da primeira rodada do Brasileirão 2024: André Luiz Skettino (Atlético-GO 1 x 2 Flamengo), Flávio Rodrigues de Souza (Vasco 3 x 2 Grêmio), e Yuri Elino da Cruz (Corinthians 0 x 0 Atlético).


Vivo estivesse, meu conterrâneo João Guimarães Rosa diria sobre este assunto: “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”.

Mas, como ele se foi em 1967, aos 59 anos, fico com a hipótese levantada pelo Carlos Junqueira, que vez por outra nos honra com os seus comentários aqui no blog:
“… Chico e leitores do blog.
Há anos escrevi aqui o que vou escrever novamente. Não existe mais a necessidade de se comprar árbitros. Na minha modesta opinião o raciocínio é muito simples. Todos os juízes de série A (apesar de terem outra profissão) ganham provavelmente pelo menos 20 mil reais líquidos no somatório das partidas apitadas no mês.
Portanto, os mesmos sabem que se, na dúvida, prejudicarem os times do ”eixo” serão colocados na geladeira. A única coisa que estão fazendo é defender o ”leite” das suas crianças.
Os três juízes da rodada passada foram afastados desta vez, pois os erros foram absurdos (e em lances capitais) e a imprensa resolveu chiar, coisa pouco comum de acontecer. Vide o exemplo do juiz do jogo do Galo. O primeiro cartão aos 15 segundos de jogo para mim foi o mais emblemático. Até agora estou procurando a falta desclassificante do Bataglia que justificasse o mesmo. Apesar de o juiz poder dar cartão com um segundo, todos nós sabemos que nos primeiros minutos os juízes (pelo menos todos que eu tinha visto) são extremamente condescendentes com faltas passíveis de cartão. Além da lambança no lance do Fagner. Deu amarelo sem ter dado a falta (a bola sobrou para o jogador do Corinthians) e pelo que li, depois justificou que foi por causa do lance com o Arana (portanto tinha que ter dado o pênalti).
Na verdade os árbitros já vem com o pensamento repetitivo: não posso prejudicar em hipótese alguma os times queridos da CBF e da mídia.
Para ser campeão, não sendo time do Rio e São Paulo, tem que ser extraordinário ou despretensiosamente aparecer na reta final.”


E para quem já está me contestando sobre a cidade onde nasceu o fantástico Guimarães Rosa, direi que também está correta a contestação: foi em Cordisburgo, porém, em 1908, época em que o “Distrito da Vista Alegre” pertencia a Sete Lagoas.
Em 1911 passou a pertencer a Paraopeba e finalmente, em 1938, foi emancipada e continua sendo uma das mais belas e acolhedoras cidades de Minas.
Além de Guimarães Rosa, tem a Gruta do Maquiné e um povo extraordinário. Vale demais uma visita demorada a Cordisburgo.

(Foto: Reprodução/Divulgação)


Arbitragens foram os maiores destaques da primeira rodada do Brasileirão 2024

Diz o jargão que “arbitragem boa é a que não é notada durante a partida”. Verdade verdadeira! Sendo assim, começou mal a temporada nacional com erros escandalosos, principalmente em três partidas. Melhor dizer que foram erros involuntários, já que é impossível detectar delito só pelo que se vê durante um jogo de futebol.
Prefiro acreditar em erros, mas com tanto dinheiro envolvido no futebol e tantas histórias comprovadas, é bom sempre ficar com um pé atrás.


No Corinthians 0 x 0 Atlético, o carioca Yuri Elino Ferreira da Cruz foi rigoroso no tratamento ao Battaglia e mansinho na violência contumaz do Fagner, na cara dele, a um metro de distância, quando o corintiano quase arrebentou o joelho e a coxa do Zaracho.
Fagner é useiro e vezeiro desse tipo de violência. Como estamos no país da impunidade, num dos próximos jogos, repetirá. Na cara da arbitragem. E fica por isso mesmo!

Até a imprensa paulista desceu o cacete nesse carioca, como o ex-jogador Neto e equipe do programa dele na Band:

Impressionante também o paulista Flávio Rodrigues de Souza, que aprontou contra o Grêmio na derrota de 3 x 2 para o Vasco, em São Januário. O mesmo que apitou Atlético 3 x 1 Cruzeiro na final do Campeonato Mineiro. O mais estranho é que ele deu pênalti a favor do Atlético numa bola na mão quase imperceptível do Lucas Silva e não agiu da mesma forma com o Lucas Piton, do Vasco, quase que segurando a bola dentro da área, contra o Grêmio. Em ambos os lances ele foi alertado pelo VAR, mas Minas, deu pênalti, no Rio, não.
Que critério é esse? E a imagem está rodando nas redes mundo afora:

Pra completar as lambanças de árbitros dos três estados mais fortes do futebol brasileiro, o mineiro André Luiz Skettino Policarpo Bento, ferrou o Atlético-GO, derrotado pelo Flamengo no estádio Serra Dourada por 2 a 1. O presidente Adson Batista, do time goiano disse depois do jogo: “Sobre a arbitragem, uma boa parte é uma vergonha, é uma máfia. Eles entram em campo para fabricar resultados. Eu vivo o futebol 24 horas por dia e ganho tudo no suor, no trabalho. Tenho um time que não tem dívidas, que é equilibrado. Fazer futebol sério é muito difícil. O Flamengo não precisa disso, é um grande clube e tem muita qualidade. O Atlético-GO jogou de igual para igual”.

@chicomaiablog

Lembrando deste livro autobiográfico do Walter Clark, ex-vice do Flamengo, anos 1980, um dos criadores da Globo. Lá ele diz: “…se pensam que não se compra mais árbitros de futebol, os senhores estão redondamente enganados…” A 1a edição foi em 1991, a 2a em 2015. Atualíssimo!


Bom começo do Fernando Seabra no Cruzeiro. E poupado do constrangimento de deixar o Rafael Cabral no banco

Foto: twitter.com/Mineirao

O adeus sem despedida do Rafael Cabral e a virada do Cruzeiro sobre o Botafogo

Daqui uns dias pode ser que o mala endinheirado, dono do Botafogo, dê entrevistas diretor dos Estados Unidos dizendo que tem esquema de arbitragem contra o time dele. Só falta isso!
Ótima estreia do Fernando Seabra no comando técnico do Cruzeiro. Foi poupado do constrangimento de mandar o Rafael Cabral para o banco, já que o próprio goleiro jogou a toalha. Que seja feliz em outra freguesia. Foi muito útil à Raposa, mas o momento era muito ruim, sem clima com a torcida. A ida dele foi boa para todos.


Seu substituto, Anderson, foi aplaudido pela torcida e fez uma boa partida. Mesma torcida que vaiou o zagueiro Neris, mas que foi mantido como titular e jogou o tempo todo. Personalidade do novo treinador do Cruzeiro, que mostrou com isso que não vai se submeter a pressões para escalar o time.
Uma bela virada: começou perdendo: Tiquinho Soares (4 minutos do primeiro tempo), Lucas Silva 1 x 1 aos 19, Rafa Silva aos 19 do segundo, Danilo Barbosa 2 x 2 (37) e Rafael Elias, 3 x 2 aos 47, no “apagar das luzes”, com 20.701 presentes no Mineirão.


Com um a menos durante a maior parte do jogo, uma boa estreia do Atlético contra o Corinthians

Otávio fez mais uma boa partida pelo Galo. Foto: twitter.com/Atletico

Minha coluna no BHAZ:

Muito boa, individual e coletivamente, a estreia do Atlético contra o Corinthians

Jogo bom de se assistir no Itaquerão. Os dois times querendo a vitória, jogando duro, mas se respeitando. O Galo não se intimidou, do princípio ao fim, e mesmo depois da expulsão do Battaglia, aos 48 do primeiro tempo não recuou. O meio campista atleticano já tinha tomado cartão amarelo aos 40 segundos de jogo por uma entrada mais dura.

No segundo tempo, o técnico Milito voltou com Igor Rabello no lugar de Igor Gomes. Recompôs aa defesa e manteve o time encarando os donos da casa. Aos 37 ele tirou Paulinho para a entrada de Scarpa, Aos 44 saiu Hulk para a entrada de Vargas. Aos 46, Scarpa bateu uma falta perto da área, nas mãos do Cássio. Aos 51, bateu outra e obrigou Cássio a fazer a melhor defesa da partida, espalmando pra fora uma bola que ia entrar na gaveta direita.

A lamentar a vista grossa feita pela arbitragem à entrada criminosa do Fagner no Zaracho. E o jogador do Corinthians não tomou cartão, mesmo sendo jogada mais violenta que as que motivaram a expulsão do Battaglia.

No twitter o @TBOesportes fez ótima observação a respeitto: “O lance do Fagner era para CARTÃO VERMELHO. O VAR na Neo Química Arena deve estar curtindo o programa da Eliana ou do Rodrigo Faro para não ver o lance crimonoso do Fagner”

Arbitragem do Rio de Janeiro: Yuri Elino Ferreira da Cruz, auxiliado por Rodrigo Figueiredo Correa e Thiago Henrique Neto Correa Farinha. O VAR com Daniel Nobre Bins.

 (Foto: twitter.com/Brasileirao)


Brasileirão começa hoje: quem briga na cabeça e quem briga pra não cair

Paulinho, artilheiro do Brasileiro 2023 com 20 gols. (Foto: twitter/Atlético)

Grandes jogos sábado e domingo e com mudança de patrocinador da CBF na disputa do nome: sai Assaí entra Betano, que aliás soltou um guia virtual muito legal esta semana: @Brasileirao “Ela chegou! A primeira agenda do #BrasileirãoBetano! A bola vai rolar no Mais Equilibrado! #ÉoBrasileiro!”

O tempo passa e tudo muda. Me lembrei dos tempos dos jornais e revistas impressos. Os tão aguardados guias que eles soltavam na véspera da primeira rodada de todo campeonato. O melhor, disparado, era da Revista Placar. Até hoje tenho alguns exemplares guardados. Eram inspirados nos da Revista El Gráfico da Argentina, que por sua vez se inspirou nos da Guerin Sportivo, de Turim, que está lá firme até hoje. A mais antiga revista esportiva do mundo, fundada em 1912.

A origem da Editora Abril, criadora da Placar, é na Argentina. Foi lá que os irmãos Civita iniciaram o “Império Abril”, que infelizmente se desmoronou. Está no livro “O dono da banca”, excelente obra do jornalista Carlos Maranhão, de 2016.

Muita gente da imprensa arriscando palpites quanto a quem vai brigar pelo quê este ano. A maioria põe o Atlético entre os três candidatos ao título, junto com Palmeiras e Flamengo, assim como essa mesma maioria acha que o Cruzeiro vai brigar para não cair, junto com Atlético-GO, Criciúma, Juventude, Vasco e Vitória.

Não arrisco palpitar. Como dizia o saudoso comentarista Flávio Geraldo Anselmo, prefiro “guardar a minha boca pra comer minha farinha”.

 O futebol brasileiro é de previsões difíceis demais. Já vi surpresas demais nos dois extremos. No nosso caso, de Minas, o Atlético era apontado como o maior favorito em 1984, comandado pelo Rubens Minelli, e foi um retumbante fracasso. Em 1994, de novo, era um dos favoritos, com a “Selegalo”, do Valdir Espinosa, que fracassou. Porém, o regulamento previa a tal “repescagem” e o Galo parar lá. Aí comandado por Levir Culpi, contratado para o lugar do Espinosa. Ninguém dava nada pelo time nem pelo Levir, até então conhecido como treinador apenas no futebol paranaense. Pois, ele arrumou a casa, revelou-se excelente treinador e só não chegou à final do Brasileiro porque o goleiro Humberto falhou feio numa cobrança de falta do Branco (lateral esquerdo campeão do mundo nos EUA em 1994).

E o Cruzeiro de 2013? Estava igual o atual, sendo apontado como candidato ao rebaixamento. Sob comando do Marcelo Oliveira, foi campeão, depois de liderar durante quase todo o campeonato.

Um dos jornalistas que mais admiro,

Cláudio Arreguy, mineiro radicado em São Paulo, dos mais experientes do país, opinou via twitter:

@c_arreguy “Brasileiro em pré-resumo

Favoritos: Fla, Palmeiras e Galo

Olho neles: Athletico, Flu e Inter Podem surpreender: Cuiabá, Fortaleza e Grêmio

A ver: Bahia, Botafogo, Bragantino, Corinthians e São Paulo

Preocupam: Atlético-GO, Criciúma, Cruzeiro, Juventude, Vasco e Vitória”

Aguardemos!


O Cruzeiro conseguiu enganar a todo mundo ontem. Menos ao vice-lanterna colombiano

(Foto: https://twitter.com/SudamericanaBR)

O Cruzeiro na mesma: sem jogadores à altura e com falhas individuais, nenhum técnico resolve
Quando fez 3 a 0 no Alianza, penúltimo colocado no campeonato colombiano, pensei que seria uma goleada de cinco ou seis. Mudei de canal, para assistir o Palmeiras, que passava aperto contra o Liverpool do Uruguai.
Daí a pouco, 3 a 3.
Uai?


Fui conferir os gols do visitante e só me restou twittar o óbvio:
@chicomaiablog “Com jogadores fracos e tantas falhas individuais, não só do goleiro, nenhum treinador consegue montar um time competitivo!”

E com público até bom para quem vinha da decepção de perder o campeonato mineiro quatro dias antes, no mesmo Mineirão: 18.818 para renda de R$ 470.170,00.

Antes e durante a partida a impressão dos companheiros jornalistas era a mesma minha. Thiago Reis, da Itatiaia, twittou:
@thiagoreisbh “Que bom para o Cruzeiro retomar a confiança e pegar um time que vai tomar uma baitaaaa goleada!!! Agora, o tal de Alianza da Colômbia num guenta nem meu time do Campo do Alface. Que timinnnn ruimmm viu”

Vinícius Grissi, da 98FM:
@ViniciusGrissi “Cruzeiro encontrando no Mineirão o adversário perfeito para uma semana de perda de título e troca de técnico. Impressão que vai fazer quantos gols quiser. Diferença gigantesca.”

Luciano Dias, da Band, acha que não dá mais para o Rafael Cabral:
@jornlucianodias “Surreal o que aconteceu no Mineirão. Foi surreal o Cruzeiro fazer três gols no primeiro, foi surreal sofrer os três gols no segundo. Sobre o Rafael Cabral: a continuidade dele é insustentável.”

Fernando Rocha, ex-Globo, deu um desconto: @fernandoroch “Vou falar algo impopular: é ÓBVIO que mexe com a cabeça de qualquer jogador ser vaiado durante 90 minutos. Tenho MUITAS críticas ao Rafael Cabral, mas vaiar durante o jogo só prejudica o CRUZEIRO.”


Há treinadores que conseguem extrair algo mais de determinados jogadores

Foto: twitter.com/Libertadores

Consegue, por por meio de posicionamento tático, pela psicologia ou usando ambos os fatores.
Ainda é cedo para conclusões, mas parece ser o caso de Gabriel Milito. Com ele, Saravia está jogando mais do que jogava; Jemerson, idem; Alan Franco foi redescoberto, Vargas voltou a ser útil e Gustavo Scarpa finalmente está mostrando sua bola e fazendo belos gols.


Quase todo o time jogou bem nessa vitória sobre o bom time do Rosário Central. A defesa é que continua batendo cabeça. Arana e Jemerson se enrolaram e o time tomou o empate, que poderia ter complicado uma partida até então muito tranquila. Os dois jogaram muito bem, mas não podem vacilar como vacilaram no gol do Malcorra, aos 28 minutos do segundo tempo.


Hulk fez grande jogo e aos o técnico Milito o tirou aos 23 do segundo tempo, para não correr risco de perdê-lo por uma contusão. Entrou Igor Gomes no lugar dele.
Paulinho perdeu gol incrível, na cara do goleiro novamente, mas se redimiu ao marcar o gol da vitória, aos 31, num grau de dificuldade infinitamente maior daquele perdido. Também fez grande partida.


Depois do jogo o técnico do Rosário, Miguel Ángel Russo, reclamou, dizendo o resultado foi injusto. Não foi. Injusto é quando a arbitragem influencia no placar, o que não foi o caso esta noite. O senhor Kevin Ortega, peruano, apitou muito bem.

Foto twitter.com/Libertadores


Maior problema do Cruzeiro não é treinador: é a diretoria do futebol

Sucesso ao Fernando Seabra, que pelo passado na base, pode se dar bem como técnico profissional. (Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro/divulgação

Porém, sem o suporte de uma diretoria de futebol competente, nenhum treinador dá conta de montar um time vencedor. A entrevista coletiva do diretor Pedro Martins tentando explicar a demissão do Larcamón foi ridícula. Não falou coisa com coisa.

Até Procópio Cardozo, profundo conhecedor do futebol e do Cruzeiro, que sempre apoiou o Ronaldo, ficou espantado e comentou:

@procopiocardozo “Bom dia estou impressionado com o amadorismo do pessoal que o @Ronaldo trouxe para cuidar do futebol profissional do @Cruzeiro. Não salva um.”

Josias Pereira, um dos melhores jornalistas da nova safra mineira:

@josiaspereira “Não existe proposta técnica na SAF do Cruzeiro. Lembremos que o Seabra estava aqui e foi embora. Dentre todas as avaliações que foram feitas, por que o nome dele foi descartado? E por que ele volta agora como solução para uma sequência de temporada?”

O Adroaldo Leal, da 98 FM mandou um trecho do que falou o diretor de futebol:
@AdroaldoLeal “
O diretor de futebol do Cruzeiro Pedro Martins disse que existia uma distância importante entre o método da comissão técnica de Nico Larcamón, e o método e prática do clube, por isso foi tomada a decisão do desligamento do treinador.”

Ronaldo Nazário foi um fenômeno como jogador e agora se diverte como dono de clubes de futebol. Foi mal na primeira experiência nos Estados Unidos, saiu fora. Continua patinando na segunda experiência, mal no Valladolid/Espanha, batendo cabeça.

Na sua aventura mais ousada, que é o Cruzeiro, troca de técnico de quatro em quatro meses: Paulo Pezzolano, Pepa, Zé Ricardo e Nicolás Larcamón.

Fez um “negócio da China”, e virou dono do clube. Despachou para Belo Horizonte amigos boleiros e burocratas para trabalhar para ele. No futebol, até agora, só frustração para a torcida que sonhou que, com ele, a Raposa voltaria a ser o que já foi imediatamente. Comandar futebol, escolher comissão técnica e montar time competitivo não é simples. Não basta ter sido um grande jogador.

Baseado nessa reportagem do portal Terra, de 14 de janeiro de 2022, veja o critério (ou a falta) do “Fenômeno” para montar o comando do futebol  do Cruzeiro: “… O novo dono do CruzeiroRonaldo Fenômeno, está tentando montar uma equipe de colaboradores com ex-parceiros de Corinthians. Depois de Paulo André, Elias, ex-volante do Timão, foi convidado pela direção da Raposa para compor o departamento de futebol. Elias está fora dos campos desde 2020 quando defendeu o Bahia. As conversas entre Elias e a Raposa já aconteceram. Ele e Ronaldo se encontraram em um hotel de Belo Horizonte, além de uma visita na Toca da Raposa II. Elias vem realizando cursos desde que deixou o Bahia. Ronaldo e o ex-volante jogaram juntos no Corinthians de 2009 a 2010.

Elias também foi companheiro de Paulo André, ex-zagueiro e principal responsável do futebol no Cruzeiro, desde que foi comprado por Ronaldo, no fim de 2021…”

Que coisa! Mais parece uma “ação entre amigos”. Ano passado apareceu o ex-meio campista argentino D’Alessandro, ex-Internacional. Durou pouco.

Interessante é que o Paulo Autuori está lá, mas suas opiniões não devem ser acatadas, no sistema “moderno” de decisões colegiadas implantadas pelo manda chuva maior do clube, Gabriel Lima, formado em Administração pela Universidade Federal Fluminense.

No comando da diretoria de futebol, aparece Pedro Martins, também de curriculum muito legal, segundo o www.linkedin.com/in/pgsmartins/overlay/contact-info/

Pedro Martins

Diretor de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube

Administrador com MBA na Universidade de Liverpool-ING e atualmente é Diretor Executivo de Futebol do Cruzeiro Esporte Clube. Durante os últimos anos foi Vice Presidente de Competições da Federação Paulista de Futebol e contribuiu ativamente com o desenvolvimento dos projetos de futebol da Ferroviária de Araraquara e Club Athletico Paranaense. Além disso, acumula experiência profissional em clubes como Olé Brasil e Queen Park Rangers-ING.”

Mas, quem sabe ainda dá certo?

Como diria o Adilson Batista, “vamos aguardarrr”!

Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro/divulgação